3 Ecos da Falésia: agosto 2005

terça-feira, agosto 23, 2005

UMA PAUSA

Uma pausa, é o que se segue,
nas próximas semanas.

Estarei muito mais perto
da FALÉSIA,

E muito mais longe
do BLOGUE.

Até já.

TLIM

GRUNHOS

É escusado.
Começo a convencer-me de que não há
nada, mas mesmo NADA, que leve
este povo de GRUNHOS a acatar
uma proibição, seja ela, do exclusivo
interesse deles próprios.

É muito vinho emborcado, geração,
atrás de geração.

Sabe-se que está interdito o lançamento
de fogos de artifício, em época e zonas,
com risco de incêndios.

Está o País a arder e estes cretinos,
alegremente, a persistirem no FOGUETÓRIO.

São os nossos Arraiais, as nossa ricas Festas
Populares, é a tradição deitar foguetes
e deitam-se, mesmo, ora se não deitam!

E foi assim em S.Gens - Gondomar:
Ao lançamento do fogo de artifício, segue-se
o incêndio que leva 12 horas a ser combatido.

Em Angeja - Aveiro - embasbacam-se centenas
de pessoas, perante as maravilhas da pirotecnia,
estando o distrito em alerta MÁXIMO.

Arde o Parque Natural do Alvão e, logo ali,
em Lordelo, mais paspalhos lançam os seus
fogozinhos de estimação, para alegria dos
conterrâneos.

Que dizer de gente deste CALIBRE?

Muitos destes, aparecem, depois, a botar as suas
sentenças, perante as solícitas câmaras de
Televisão, após declarados os incêndios.
Não se esquecendo de invectivar as autoridades,
por não prenderem os incendiários.

Oh, gentinha!

Há alturas, em que - isto é mesmo a sério -salta,
de repente, cá dentro, aquele genezinho primitivo,
que cá ficou, da ocupação Árabe (os senhores do
Norte não nos chamam Mouros? ), e acho que, certo,
certo, mesmo, era começarem a cortar-se, por aí,
primeiro umas mãos, em seguida, uns braços, e,
por fim umas cabeças.

Pronto. Já disse.

TLIM

segunda-feira, agosto 22, 2005

PICUINHICES

Os jornais, do fim de semana, continuaram
a dar importância aos subsídios, recebidos
pelo Ministro das Finanças e ao pessoal ,
por ele, contratado.
A saber:

1340 Euros, parece ser o subsídio
de alojamento, do ministro, o que , face aos
preços das rendas, praticados em Lisboa,
é, até, bastante pouco. Porque a sua casa
(oficial) fica no Porto.

Se, por acaso, ele se encontrava a trabalhar,
na capital, há, já, mais de dez anos, isso é
uma questão de gosto pessoal, não devemos
contemplar esse pormenor, com opiniões
mesquinhas.

Quanto a divulgar a contratação da jornalista
Fernanda Pragana, para sua assessora
de Imprensa, a ganhar 4.500 Euros mensais,
cheira-me, mesmo, a dor de cotovelo, de
"oficial do mesmo ofício".

Tivesse sido uma Júlia Pinheiro, iriam ver
quantas vezes mais ela se faria cobrar!

Ou um Emídio Rangel, que tinha o dom
de conseguir vender Presidentes da República,
tal como sabonetes!

(Por falar nisso, o Dr. Soares não faria grande
asneira, se, por via das dúvidas, começasse a
pocurar, em velhas agendas, o nome desse
senhor.)

Quanto à nova assessora, por certo, teve
que haver enorme exigência, em termos
de PERFIL:

Perfil, esse, estou em crer, mais ao estilo
Luis de Matos.

O Ministro, como de costume, mete a pata
na poça - peço perdão, estou com uma
linguagem, um bocado abandalhada.
Digo - pisa onde não deve, e aí surgirá
a assessora, em pontas, agitando a sua
varinha mágica, perante os nossos olhos.

E, passamos, todos, a ver
o sapato do ministro, impecàvelmente
limpo e lustroso.

Perante próximas, previsíveis e impopulares
medidas, o ministro toca a campaínha,
e aparece a menina, a produzir uma espêssa,
mas rosada cortina de fumo, perante um
público embasbacado.

Estes efeitos especiais, tão imprescindíveis,
hoje, em dia, para levar adiante qualquer
medida do Governo, pode dizer-se, que
não há dinheiro que pague.

Veremos é, quanto tempo levará, a artista,
a esgotar os truques, que traz na manga,
e quantos coelhos haverá, para tirar
da cartola.

TLIM

sábado, agosto 20, 2005

GÁS MISTERIOSO FECHA BLOCO OPERATÓRIO

O bloco operatório da Maternidade Alfredo
da Costa volta a encerrar, pela segunda vez,
nos dois últimos meses, após duas enfermeiras,
se terem sentido mal (dores de cabeça, vertigens).

Anteriormente, tinham sido uma médica obstetra
e uma anestesista a sofrerem idênticos sintomas.

O bloco é novo e o equipamento também.
Dizem os técnicos do Instituto Ricardo Jorge,
que, após vários exames à sala e ao equipamento,
não está, ainda, determinada a natureza do gás
tóxico (porque é disto que se trata), que causou
estas perturbações.

A esta altura dos acontecimentos, eu atrevia-me
a sugerir aos técnicos, que dirigissem as próximas
investigações noutro sentido, como, por exemplo,
o regime alimentar de quem se encontrava na sala.

Já que as preferências gastronómicas,
dos Portugueses, deixam bastante a desejar:

É o bacalhau, com grão.
As feijoadas à Trasmontana.
O cozido à Portuguesa (feijão branco, muita couve,
muito enchido).
Os jaquinzinhos, com feijão frade e cebola, crua,
picada.
E a dobrada, que é feita com o quê? - Feijão.

E, por aí adiante, para já não falar em certas sopas.

Ora, o período de digestão destas iguarias,
é causa suficiente para muito desmaio, como,
bem pode confirmar, quem, por exemplo,
for utente de transportes públicos, a horas críticas.

Para além da origem do mal, em si, há, sempre
a hipótese de este caso vir a configurar uma mera
luta de classes:

- "Ai as médicas não alinham, conosco, na defesa
das nossa justas reivindicações?
Lá vai granel!"

Passa um mês......e:

- "Ai as cabras das enfermeiras, querem guerra?
Tomem lá, que é para aprenderem!"

Safaram-se as parturientes, que tinham postas,
as máscaras de oxigénio.

TLIM

sexta-feira, agosto 19, 2005

UM PRÉMIO DE SONHO

PALÁCIO DE BELÉM, 7H AM:

- "JORGE!!!"- o grito soou, estridente, junto
do ouvido esquerdo do Presidente (logo aquele
que melhor audição lhe proporcionava).

Profundamente adormecido, Sampaio estremeceu,
primeiro, para, logo a seguir se sentar, de sopetão,
na cama, estendendo o braço para apanhar os
óculos e, derrubando, de caminho, o candeeiro,
o copo de água e o CD portátil com o último album
dos U2, que, todas as noites, o ajudava a caír no sono.

- "Hããã? o que foi, o que foi, há FOGO? Os jardins
do Palácio..."- e o coração quase lhe saía pela boca.

-"Não, Jorge, ainda não,"- sossegou-o Maria José,
dando-lhe pancadinhas, leves, nas costas, para o acalmar.

- " Fui eu, que acordei, com um sonho estranhíssimo!
Estava eu, num cantinho, a assistir à entrega do Prémio
Nobel, da Paz, ao teu amigo Bono..."

-" Oh, filha"- interrompe, logo Sampaio - "francamente,
isso era razão para alarme? Logo um sonho desses,
absolutamente natural? Não condecoraram, também,
o David Trimble, o Nelson Mandela, o Henry Kissinger,
o Ramos Horta, o Yasser Arafat ..."

-" Sim, sim, eu sei, mas não tem nada a ver com o mérito,
é porque...o Bono apresentava-se, de casaca, não levava
nenhum chapéu, na cabeça, nem usava saltos altos.
E não punha as mãos nos bolsos!
Era tão estranho! É que, nem sequer, óculos -mosca,
ele tinha!"

- "Ouve, Zezinha, estás careca de saber que a Academia
Sueca ainda conserva aquelas tradições arcaicas, aquele
bolor instalado nos costumes...Fez-lhe falta um 25 de Abril,
é o que é.
Quando me lembro que o nosso Saramago, até teve de
aprender a fazer a vénia!
E, depois, calma, vamos lá a ver: Ainda estamos, só na fase
das candidaturas. Isso foi, só, um sonho.E..... oh, oh, diabo,
já me disseram que dá azar sonhar com coisas que desejamos,
muito. Parece que, depois, nunca acontecem..."

E, quedaram-se, ambos, pensativos, mão na mão, olhando,
sem ver, os raios de sol que começavam a invadir o quarto.

Tableau.

TLIM

quinta-feira, agosto 18, 2005

MAIS BOMBEIROS

Hoje, foi a vez da Corporação dos Bombeiros de Oeiras,
enfrentar o INEM, na questão das ambulâncias.
A este ritmo, de uma, por dia, muito em breve,
as televisões, ardido tudo o que havia a arder,
rejubilarão com os suculentos pratos que poderão
continuar a servi-nos à hora das refeições.

Eu, que até nem moro na linha de Cascais, preparo-me,
já, para ir pondo, como costumava dizer-se,
as barbas, de môlho.

Ou seja: Tomar certas precauçõezitas, não vá o Diabo
tecê-las e, depois não haver um único Bombeiro, disposto
a conduzir uma ambulância.

E, aconselhava, muito vivamente, que todos os habitantes
deste, cada vez mais maravilhoso, cantinho,
passassem a evitar, nos tempos mais próximos,
situações, do género:

Qualquer tipo de doença súbita.

Atravessar, para o passeio oposto, a menos que não se
aviste um único veículo, a circular.

Ir nadar para fora de pé.

Abrir a porta do elevador e entrar, quando o elevador
não se encontre nesse piso.

Ir substituír a lâmpada do candeeiro da mesinha
de cabeceira, depois de saír do banho e antes de
se enxugar.

Voltar a colocar o ácido de limpar as sanitas,
em garrafinhas de água do Luso.

Adormecer, a ver o concurso do Malato, de cigarro,
aceso, na mão.

Pôr-se ao volante, para regressar a casa, às 10 horas
da manhã, depois de emborcar toda a porcaria
que lhe colocaram à frente, na noite anterior.

E, SOBRETUDO, não dar prioridade a um Taxista.

É que, fonte fidedigna (mas que estou impedida
de revelar) confidenciou-me que José Sócrates,
durante a sua estadia, no Quénia, terá feito
um terceiro telefonema para Portugal,
mais precisamente, para a zona de Cascais.

O teor da conversa, permanece secreto.
A verdade é que, quando ele chegou, com aquela
carinha, de quem não quebra um prato, já
os primeiros Bombeiros tinham baixado
os braços e estava iniciada a campanha da
não assistência.

E esta é, como podemos prevêr, apenas a ponta
do Iceberg.
Com as restantes Corporações a aderirem ao
movimento, verificar-se-á o chamado Efeito
Dominó, a arma secreta para vencer o Deficit:

Já que não consta que as despesas, com FUNERAIS,
tenham grande significado, no que toca a
comparticipações do estado.

TLIM

quarta-feira, agosto 17, 2005

OS SENHORES BOMBEIROS DE CASCAIS

A Corporação dos Bombeiros Voluntários de Cascais,
dispõe de algumas ambulâncias do INEM, para
acorrer aos pedidos de auxílio de doentes,
ou acidentados.

Até à semana passada, as chamadas eram feitas para
o quartel. Decidiram os responsáveis do INEM, que,
a partir de agora, passariam eles a receber
essas chamadas, por disporem de profissionais
mais qualificados para fazer a triagem e decidir
do envio de pessoal médico, se necessário.

A ambulância seria, então, solicitada, aos bombeiros.

Que não gostaram, nem um bocadinho, desta nova
forma de procedimento.

Sentiram-se, SUBALTERNIZADOS.

E, assim, com os veículos à sua disposição, decidiram:
Ou o INEM volta com a palavra atrás, ou
nem mais uma ambulância sairá do Quartel,
até as coisas voltarem à primitiva forma.

Calculo que, agora, perante alguém aflito, os bons dos
nossos Bombeiros responderão:

-Ai, queres fiado? Toma!
E executarão o gesto respectivo.

TLIM

terça-feira, agosto 16, 2005

PERDIDOS POR SARDINHAS

As sardinhadas são hoje e, de cada vez mais, a nossa
perdição; o nosso pecado de gula ; a delícia escolhida,
quando se reúne um grupo de amigalhaços,
no verão.
Estamos a passar férias, num qualquer recanto,
do norte ao sul de portugal, aproxima-se a hora do almoço:
O nosso nariz (que, como "o algodão", não engana),
começa a receber aqueles agradáveis eflúvios,
provenientes do fogareiro mais próximo.

No início é o característico odor a acendalhas.
Segue-se, a muito breve trecho, o fedor
das sardinhas, fumegando, na brasa; fedor esse,
que tem o dom de invadir tudo o que é moradia,
ou apartamento nas proximidades.

E, encontramo-nos, não só com a casa empestada,
como todas as nossas roupas, os nossos cabelos,
até o pêlo do nosso animal de estimação,
ficam, inexoràvelmente, a tresandar,
mais de 24 horas.
Mesmo recorrendo ao duche, para nós e para o cão
(e, toda a gente sabe que um cão não deve passar
a vida, na banheira) há, depois, as toalhas, os estofos
os reposteiros, que lá estão a recordar-nos
as patuscadas do(s) vizinho(s).

Chega o fim de tarde, um pôr do sol, lindo de morrer,
estamos nós, depois da canseira da praia,
banho tomado, gin tónico na mão,
estiraçados na espreguiçadeira do terraço, em
amena cavaqueira, e a que é que começa a cheirar,
a que é?

Ora, desculpem lá, mas, passada uma semana,
mais coisa,menos coisa, estou prontíssima
a ir-me aos fagotes do primeiro cidadão
que inicie a queima de UMA acendalha,
nas redondezas.

E esta lusitana dependência das brasas,
com sardinhas em cima,
já tem sido causa primeira de bastantes incêndios,
nas matas do nosso martirizado Portugal.

O que constituíu, agora, novidade,
foi a responsabilidade da sardinha
nos NAUFRÀGIOS.

Mas, já se sabe: o ponto alto daquela passeata
de catamarã, devia ser, certamente,
A SARDINHADA.

Sopra o vento, ateia-se o incêndio,
e lá se vai o pessoal ao charco,
e o catamarã à viola.

E o pior de tudo, desgosto supremo:
Acabaram por não comer
as benditas sardinhas!

AZAR.

TLIM

segunda-feira, agosto 15, 2005

Desde ontem, que ando às voltas, com aquela
grande incógnita:

-Porquê, senhores, porquê o chapelão enterrado,
crâneo abaixo, em hora de condecoração,
para, mais tarde, vir a actuar, em palco,
de cabelinho ao léu?

Eu, confesso, humildemente, não fui ao Estádio.
Limitei-me às migalhas atiradas pelas cadeias
de Televisão.

Nem deu, sequer, para verificar se o baterista,
tambem ele, teria dispensado o garruço de lã,
com que se apresentou, ontem, em Belém.

Constatei, hoje, pelas imagens lelevisivas,
que o nosso Presidente ficou, (como é seu apanágio)
um tanto comovido, com a cerimónia.
Tendo, ao saír, atrás dos homenageados,
dado o seu tropeçãozito, na carpete.

Tudo acabou, felizmente, em bem.

E, para além disto, só os incêndios e uns milhares
de Árabes que, por cá, se passeiam, alegremente,
há dois anos, graças a uns passaportes,
conseguidos com a solicitude
de algumas boas almas.
(entre polícias, agentes do S.E.F., médicos,
o diabo, a sete)

Estamos, portanto, bem aviados.

TLIM

domingo, agosto 14, 2005

UMA BELA CERIMÓNIA

A SIC Notícias acaba de nos oferecer uma bela reportagem.
Noticiário das 16 horas, com dois convidados:
João Lopes e Nuno Galopim. Este último, falou pouco e bem.
Já João Lopes, veio desfiar um rosário de clichés e frases
desprovidas de sentido, limitando-se a "encher chouriços".
Bem: Chegada a hora da, tão ansiada, cerimónia
de condecoração da célebre Banda, vem o directo,
do Palácio de Belem.
Presidente e convidados,
arranjadinhos, a preceito.
Bono: chapelão à cow-boy, bem enterrado na cabeça,
óculos escuros e cara de frete, vai olhando para o lado,
abanando o rosto, com a mão, vestígios vários de
impaciência.
Enquanto Sampaio lê o seu discurso,
o mais rápido possível, para não constranger mais
os homenageados.
Medalhinhas colocadas, Bono agradece, em nome dos
U2, com a mão esquerda no bolso e a direita,
ora na anca,
ora gesticulando ( mas, de improviso; nada de papel).
Aviado o assunto, ala moços, que se faz tarde:
Meia volta, rápida, e saída pela porta mais próxima.
LINDO. LINDO.
Mas, vistas, bem as coisas, quantas pessoas, no mundo,
conhecem os U2 e quantas ouviram, sequer, falar
em Sampaio?
É a vida.
E, para terminar esta bela reportagem, João Lopes
coloca a cereja no bolo:
-"A música Rock, teve, sempre, uma vertente política:
Desde Elvis Presley. A sua atitude erótica, tem tudo
a ver com uma atitude política".
OBRIGADA, OBRIGADA, ó Senhores da SIC!
OBRIGADA, João Lopes, por estas pérolas.
E OBRIGADA, Senhor Presidente da República,
pela maravilhosa ideia, de agraciar estes Senhores,
com a Ordem da Liberdade!
Sei que vai ser difícil, para a próxima, escolher,
entre os que actuaram, este ano, no G8.
Mas, alguma coisa se irá arranjar, já que, peitos
portugueses, de esquerda, estarão, decerto, todos,
esgotados.
Oxalá, é que não se venha, um dia, a descobrir
que a fábrica de medalhas e comendas, se situa,
afinal... na China...

TLIM

sábado, agosto 13, 2005

UM REGRESSO PENOSO

Depois de um salto ao norte da Europa,
fresca e civilizada, é o regresso ao calor
e às nossas costumeiras secas:

Das faltas de água;

Das provincianas atribuições de medalhinhas;

Dos dramalhões ,esticados, à hora dos Telejornais,
com labaredas, em fundo,
êxtase garantido a lusos pirómanos;

Das proverbiais atribuições de tachos,
e inerentes custos, a pesar na despesa pública.

Numa palavra:

PENOSO.

TLIM