3 Ecos da Falésia: setembro 2006

sexta-feira, setembro 29, 2006

VENEZUELA PEDE DESCULPA A PORTUGAL

O EXECUTIVO VENEZUELANO PEDIU, HOJE, DESCULPAS A PORTUGAL POR TER UTILIZADO A IMAGEM DO CHEFE DO GOVERNO PORTUGUÊS, JOSÉ SÓCRATES, NUM PAINEL DE PROPAGANDA PARA AS ELEIÇÕES DE 3 DE DEZEMBRO. A MESMA FONTE ADIANTOU, AINDA, QUE O CARTAZ JÁ FOI RETIRADO.

Depois de rejeitar qualquer conotação eleitoral do painel, o Ministro Venezuelano da Comunicação, William Lara, acrescentou:
"SE HOUVE ALGUM TIPO DE INTERPRETAÇÃO PARTICULAR, PEDIMOS DESCULPAS AO GOVERNO PORTUGUÊS".

TLIM

CAUTELA E CALDOS DE GALINHA...



Passeando pela Blogosfera, dei com um post no "Praça da república", onde o Manuel, do "Gasolim", deixou um comentário catita, ainda a propósito do "Idomeneo" e subsequentes auto-censuras.
Aproveito a deixa para reafirmar tudo o que, ontem, disse, aqui.
A minha recomendação, de hoje, vai para os Autarcas dos Municípios, acima representados.
Não fariam asneira nenhuma, se seguissem o belo exemplo de contenção que nos chegou da Alemanha.

Há que respeitar os nossos irmãos que podem, muito naturalmente, sentir-se ofendidos com estes símbolos de antigas derrotas dos seus antepassados.
Já viram se eles se aborrecem e desatam a atear uns lumes, aqui e além?
Ainda alguém se magoa.

Sejam menos conservadores, lembrem-se de que o mundo está a mudar e tratem mas é de substituír, ràpidamente, aquelas bandeiras e brasões, por outros, mais consentâneos com o multiculturalismo da nossa Europa. E vão ver que nem lhes fica assim tão caro:
Os Chineses fazem isso por tuta e meia.

TLIM

quarta-feira, setembro 27, 2006

IDOMENEO

A Europa parece, finalmente, ter começado a aprender a lição que, há anos, tentavam ensinar-lhe:
No nome de Maomé não se toca, a não ser para louvar.
A representação da Sua Imagem está interdita, é bom que se perceba.
Se os Europeus não fossem as cabeças duras que são, já tinham entendido uma coisa tão simples, antes de ter sido preciso andar a incendiar umas embaixadas e a matar gente, para servir de exemplo.
Veja-se o caso de Theo van Gogh: Não tivesse resolvido armar aos cucos, ainda hoje poderia andar, feliz e contente, a realizar os seus filmes, na paz do Senhor. Perdão: O que eu queria dizer era "na paz de Alá". Nunca mais aprendo a dobrar a língua.

Foi agora proibida na Alemanha e muito sensatamente, acrescente-se, a representação de IDOMENEO, REI DE CRETA (sempre esta obcessão com a Antiguidade), ópera criada por Mozart, em1781.
Algum dia haveria de chegar a sensatez, após terem andado, ano após ano, a divulgar, pelos palcos do mundo inteiro, uma elegia à autodeterminação do Homem, face às várias Religiões.
Ainda por cima, esta encenação apresentava, no final, as cabeças de Poseídon (deus Grego dos Mares), Jesus, Buda e Maomé.
Claro que Poseídon, Jesus e Buda estavam ali só para disfarçar: O que se pretendia e só um cego é que não o vê, era, exclusivamente, insultar o Profeta.
Fez muitíssimo bem a Direcção da Ópera de Berlim, ao substituír aquela cegada por "La Traviata" e "As Bodas de Fígaro", que não ofendem ninguém.

De igual forma, a Direcção de Programas do canal público de Televisão ARD, muito ponderadamente, e decerto pensando já na próxima adesão da Turquia, à União Europeia, retirou do horário nobre a exibição de um filme que retratava a brutalidade dum grupo de adolescentes Turcos, a viver nos subúrbios.
É do conhecimento comum que os jovens suburbanos em qualquer parte do mundo, tendem a usar de uma certa violência, quando se agrupam em gangues e assim, mas nunca se deve generalizar, até porque os rapazinhos Turcos não seguem esta regra, preferindo, nos seus tempos livres, uns toques na bola ou uma boa leitura do Corão.

Ora estas duas notícias dão-nos uma certa esperança no futuro da Humanidade.
A seguir aos últimos destemperos do Papa, na Alemanha, é justamente, esse mesmo País que começa, agora, a deixar para trás as "licenciosidades", como recomendava o nosso saudoso Ministro Freitas do Amaral.
Bem hajam, pela prudência.

TLIM

segunda-feira, setembro 25, 2006

ORA AGORA VIRAS TU, ORA AGORA VIRO EU





Vivemos numa época em que uma empresa, se quer vencer a concorrência, o que faz é imitar-lhe os tiques, copiar-lhe a forma e descer o nível. É o que se tem passado com as duas estações privadas de Televisão e é o fenómeno que parece estar a acontecer com os dois Semanários que saem no mesmo dia.

Seria mais lógico e mais desejável que cada uma tentasse bater a rival, puxando pela imaginação e tentando imprimir ao seu produto, uma marca diferente que a distinguisse da outra. Em vez disso, vemos, no horário nobre, uma "Floribella" a competir com uns "Morangos" e um "Jura" a rivalizar com um "Tempo de Viver". Se um canal apresenta um filme de ficção científica, o outro desunha-se para pôr no ar o produto mais parecido que conseguir catar na "arrecadação", exactamente no mesmo horário.

Comparamos os temas de capa das revistas "Única" e "Tabú" e o que vemos? Duas caras conhecidas de estações concorrentes, mascaradas de "femme fatale". A diferença vai nos 29 anos que separam uma da outra. Sobre o conteúdo das reportagens, a da Manuela Moura Guedes ainda tem alguma coisita que se leia. Quanto à da Floribella, não passa duma ( mais uma!) promoção do produto à venda, merchandising incluído.

Verdadeiramente digna de ser mencionada, é esta frase lapidar: ( A Floribella) "conseguiu a proeza de pôr crianças de colo e de chupeta a ver telenovelas, num canal generalista, em horário nobre".

Só por isto, a Teresa Guilherme merece uma condecoração, no próximo 10 de Junho.

TLIM

sexta-feira, setembro 22, 2006

INTERROGAÇÕES SOBRE A MEMÓRIA

O Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! quer ver aprovada, no Parlamento, uma lei que obrigue o Estado a criar condições para preservar a memória da Resistência à ditadura:
A Lei da Memória.
Pretende-se a criação de um Museu da Resistência e da Liberdade e um Memorial aos presos políticos anti-fascistas.

Sem menosprezar, de forma alguma, os que sofreram durante o período da Ditadura, espanta-me que os Senhores Bloquistas tanto critiquem a constante evocação do Holocausto, pelos Israelitas, ou as romagens de alguns cidadãos Espanhois ao Vale dos Caídos.
Cada um tem as memórias que tem.
Ou a memória anti-fascista paira sobre todas as outras?
Os atropelos que se seguiram ao 25 de Abril não devem fazer, também, parte da nossa Memória?
Quantas pessoas tiveram acesso ao Relatório da Comissão de Averiguação de Violências Sobre Presos Sujeitos às Autoridades Militares?
Quantos se lembram de que existiram, a partir do 28 de Setembro de 1974 e durante 1975, torturas, agressões físicas violentas, prisões arbitrárias, mandados de captura em branco, utilizados pelo COPCON e invocando "suspeita de ligação com a reacção"(sic), ou "suspeita de pertencer a um bando de malfeitores"(sic)?
Ou das detenções, a altas horas da noite, sob o comando de militares subalternos, pedindo meças aos métodos da Pide?
Ou dos interrogatórios levados a cabo por civis sem preparação técnica e introduzidos, nas prisões, por organizações políticas?
Ou da recusa, sistemática, de assistência de advogado ou defensor, aos interrogatórios?
Ou da transferência arbitrária de pessoas das antigas Colónias para Lisboa, depois de espoliadas e destituídas dos seus empregos, por motivos ideológicos? E não estou a referir-me aos retornados.
Ou da impossibilidade do recurso ao "Habeas Corpus"?
Ou dos desmandos dos funcionários das cadeias, em matéria de tortura, maus tratos e tratamentos degradantes aos presos? - Presos Políticos, sublinhe-se.
Ou da incomunicabilidade desses mesmos presos, por longos períodos, sem acusação formada?
Ou da privação de recreio, de correspondência, de visitas, de artigos de higiene, de tabaco, de livros, de jornais?
Ou da falta de assistência médica?
Ou das confissôes forçadas, obtidas após longos interrogatórios, de arma encostada ao ouvido?
Ou das ameaças de fuzilamento?
Ou das coronhadas, da tortura do sono, das batidas, com pau, nas solas dos pés?
Ou da prisão de menores de 16 anos?
Ou das sevícias de carácter sexual, pela introdução do cabo duma vassoura no ânus de prisioneiros, na parada do RALIS?

Quem se afligiu com Abu Ghraib, saiba que, ali, não se inventou nada.
Houve tortura antes do 25 de Abril - praticada por uns - e continuou a haver, após essa data, com a utilização dos mesmíssimos métodos, pelos que se seguiram.

E, mudando de cenário, não esqueçamos, também, todos os Africanos-Portugueses que o Governo de Portugal abandonou à sua sorte, nas antigas Colónias para acabarem fuzilados.
Podia estar, aqui, a encher páginas e páginas.
Nem falei das vítimas de saneamentos selvagens, da espoliação dos seus bens, das ocupações de casas e propriedades agrícolas, da vandalização de Património.

Memórias, há muitas, Senhores Bloquistas.
E nenhumas devem ser consideradas mais importantes, só porque levam o rótulo de Anti-Fascistas.
Não são apenas esses que têm histórias tristes para contar aos netos.

TLIM

quarta-feira, setembro 20, 2006

PRISÕES

Cá pelo nosso jardinzito, à beira-mar plantado, as Providências Cautelares têm sofrido, nos últimos tempos, um incremento, a todos os títulos, espantoso, só comparável ao das Cabalas.
Quase não há dia em que não apareça alguém a interpôr um recurso daqueles e a contribuír para um, ainda mais dramático, entupimento dos Tribunais.

Hoje, calhou a vez ao Dr.Rui Jorge Cruz, de apresentar, no Tribunal Administrativo de Penafiel, mais uma Providência Cautelar, subscrita por um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, visando impedir a concretização do Projecto de Troca de Seringas nas prisões e que é suposto começar a ser posto em prática a partir do mês de Outubro.
Consta que andam a circular "abaixo assinados", do Norte ao Sul do País, visando multiplicar este procedimento.

Antes, tinham sido os Guardas Prisionais a declararem-se contra esta medida, agora são os presos que não se drogam e que se estima constituírem 60% da população a cumprir pena.
Os motivos, segundo eles, relacionam-se com a saúde pública, dentro das prisões, com a segurança e com a criminalização da conduta: Entendem que a introdução "oficial" de seringas, poderá ser entendida como uma legalização do tráfico ali existente.
Longe de mim pronunciar-me sobre a razão que, decerto, existirá a qualquer um dos "prós e contras" e , aqui é que a Fátima Campos Ferreira podia entrar a matar.

Bom. Mas, além da troca de seringas, António Costa propõe-se, também, introduzir, nas prisões, Kits de agulhas para a prática de tatuagens e piercings, bem como proceder à distribuição de preservativos.
Ora, nos tempos da outra senhora, existia a FNAT (Federação para a Alegria no Trabalho).
Que era um belo nome.
Passaremos, talvez, a contar, agora, com a FNAP (Federação para a Alegria na Prisão).
Outro nome bem sonante.

A partir de Outubro, devidamente tatuados e enfeitados com piercings, podem, vários matulões, depois de "protegidos", decidir violar algum companheiro de cela, mais enfezado, que aí já estão à vontade:
Não serão responsáveis por contagiá-lo com sida ou hepatite ou outras coisas desagradáveis.
E o Senhor Ministro fica com a consciência tranquila.

Ya, man. Tá-se bem.

TLIM

terça-feira, setembro 19, 2006

SINGULARIDADES

Não tendo comparecido ao Festival de Veneza, que o agraciou com um Leão de Prata, pelo conjunto da sua obra, de parceria com Danièle Huillet, Jean-Marie Straub, mandou recado escrito: ... "Não haveria nada para festejar, num Festival com tanta polícia pública e privada, à procura de um terrorista, quando o terrorista sou eu..."
E acrescenta, citando Franco Fortini:
"Enquanto existir o Capitalismo Imperialista Americano, todos os terroristas que existam no mundo, não serão, nunca, os suficientes".

Para este senhor, deve ser ÓPTIMO poder viver, há vários anos, em Roma, capital dum País livre que lhe oferece os privilégios do Capitalismo, permitindo-lhe viver bem, dizer mal do Sistema e defender o Terrorismo. Ainda por cima, aplaudindo-o e concedendo-lhe prémios.
São as singularidades da Democracia.

TLIM

segunda-feira, setembro 18, 2006

VIRA O DISCO E TOCA O MESMO

Em palestra, que teve lugar numa universidade do seu País natal - a Alemanha - Bento XVI cita uma frase de um imperador Bizantino.
Tirada do seu contexto, tal como tantas vezes acontece, a frase torna-se susceptível de ser interpretada como uma censura ao Islão. O que, na realidade, não foi.
Podia ter sido evitada. Pois podia.
E podia, também, não ter sido aproveitada para gerar todo o alarido a que se vem assistindo.

Fernando Madrinha disse, mesmo, no Expresso, que "aquilo de que o mundo menos precisa é de um Papa incendiário".
Madrinha terá lido o discurso, na íntegra, ou limitou-se a respigar a frase que deu no gôto a tanta boa alma?
Aguardam-se próximas indignações de Mário Soares, Francisco Louçã, Vital Moreira e por aí adiante.
É o jornalismo a que temos direito, fuçando na polémica e no escândalo. E, de caminho, fazendo o frete ao fundamentalismo Islâmico que se baba de gozo, com tudo isto.
Tanto, que, passadas escassas 24 horas, já, na Palestina, 7 igrejas Ortodoxas tinham sofrido tentativas de incêndio.
Em Teerão, um jornal de língua Inglesa interpretava a citada frase como sendo "um código para iniciar uma nova Cruzada".
Também no Irão, foram suspensas as aulas nas Universidades, substituídas por debates sobre a grande ofensa. Exige-se que o Papa ajoelhe e peça desculpas ao Islão.
Já se assiste, uma vez mais, ao replay das "manifestações espontâneas" da "Rua Árabe", com a inevitável queima de efígies e símbolos dos "infiéis".
Na capital da Somália, após o incitamento à violência, feito por um Imã radical, um grupo armado dirigiu-se ao Hospital Pediátrico e assassinou, com tiros nas costas, uma freira Italiana de 71 anos e o homem que era suposto protegê-la.
Belíssimo exemplo de como são interpretados, por essa escumalha fundamentalista, os ensinamentos do Corão.
Em Itália, surgem ameaças ao Vaticano e ao Clero.

Qualquer dia, é natural que, no nosso País de brandíssimos costumes, recomecemos, pelo sim, pelo não, a pesar as palavras, antes de abrirmos a boca; na rua, no quiosque, nos transportes, no café, não vá o diabo tecê-las e andar, por ali perto, uma orelha fundamentalista ( que pode até ser Portuguesa e tudo) e um bolso com uma faca lá dentro.
É que, entre um agente da antiga Pide e um fanático do Islão, este último é, como temos constatado, muitíssimo mais rápido.
E, desde que, há cerca de cinco anos, abriu a época da caça ao "infiel", nunca mais fechou.
É todos os dias.
É quando um Imã quiser.

TLIM

domingo, setembro 17, 2006

O SENHOR PROVEDOR

Tendo, ontem, assistido à apresentação do novo Provedor do Telespectador, no seu espaço da RTP, fiquei com mais uma certeza, a acrescentar às que já tinha:
Paquete de Oliveira foi escolhido, não só pelo nome, mas também pelas suas especiais características fisionómicas e vocais.

Expressivo como uma batata da Malveira, o seu falar baixo, pausado e monocórdico, é o tele-comando que faz descer, suave e eficazmente, as nossas pálpebras.

Ao acordarmos, de chôfre, com a barulheira da publicidade (outra coisa a merecer atenção), fica-nos a dúvida sobre que temas terá abordado o Dr. Paquete ou que belos exemplares da "raça Portuga" terá ele escolhido, para ilustrar os descontentamentos vários que, por aí, campeiam.
Fica-nos, também e sobretudo, pouquíssima vontade de repetir a dose.

Mais umas tantas sessões iguais a esta e os telespectadores acabam totalmente desmotivados, desistindo, de vez, de apresentarem qualquer reclamação.
Caso arrumado.

TLIM

quinta-feira, setembro 14, 2006

COCÓ, RANHETA E FACADA

Cá temos, então, os chamados "Três da Vida Airada: Cocó, Ranheta e Facada".
Ou, para pôr a coisa em termos mais civilizados, os Excelentíssimos senhores: Francisco Penim, José Eduardo Moniz e Nuno Santos.
Acabados de prestar juramento, sobre uma hipotética Bíblia, assinando um acordo de auto-regulação comum sobre classificação de programas, entre os três canais de TV.

À altura das mãos não corresponde, entretanto, o respectivo "share" de audiências; mas poderá significar um gesto cabalístico de três todo-poderosos que sabem, com grande mestria, toda e qualquer forma de contornar e não cumprir seja lá que acordo for.
A maneira como Penim mostra os dentes deve estar directamente relacionada com a satisfação que sentirá, diàriamente, de cada vez que surge, nos nossos ecrãs ( desde cedinho, pela manhã e ao longo de todo o dia ) o Spot de promoção da futura nova novela da SIC, "JURA - o filme das nossas vidas".
Depois da apologia do SWINGING, feito pela TVI, no seu "Tempo de Viver", impunha-se ultrapassar a concorrência, de preferência, por baixo.

Acordos?
Provedores?
Está-me cá a palpitar que, logo que foi batida a fotografia, os bracinhos daqueles três se dobraram, no característico gesto do Zé Povinho do Rafael Bordalo Pinheiro.
Vai uma aposta?

TLIM

segunda-feira, setembro 11, 2006

O NOVO "EXPRESSO"

Nem calculam o que me custa confessá-lo, mas foi isto o que mais gostei, no novo "EXPRESSO".

TLIM

segunda-feira, setembro 04, 2006

BODAS DE OURO "SUI GENERIS"

Não há muito tempo atrás, chegávamos a Setembro e tínhamos acesso às novas grelhas de programas dos vários canais de Televisão.
Sabíamos, assim, que filmes, séries, concursos, tele-novelas e outros programas iríamos ter oportunidade de ver, no decorrer do ano e até ao Verão seguinte.
Agora, os Senhores Directores de Programas ( nomeadamente os das estações privadas ) substituiram as "grelhas" pela contra-programação pura e dura e declaram-no com a maior desfaçatez.
A SIC faz o favor de nos impingir um magazine de auto promoção das suas "estrelas", Floribela com certeza.
Contra atacando, a TVI anuncia outra novela para criancinhas, que dá pelo belo nome de "KACHORRA".
Não se sabe, exactamente, quantas bebés terão sido registadas, ùltimamente, em Portugal, com o nome de Floribela. Mas arrisco vaticinar que serão mais do que o higiènicamente desejável.
E só de pensar no que pode vir por aí, até sinto calafrios.

Ainda, relativamente às "grelhas", as revistas que tiveram origem na publicação dos programas semanais dos canais de televisão (Cabo excluída), foram obrigadas a virar-se para os mexericos e os escândalos, se quiseram sobreviver, a partir do momento em que nada do que era anunciado ia para o ar. Toda e qualquer consulta às programações anunciadas tornou-se, assim, vivamente desaconselhável, para prevenir crises de "stress".
Parece que há, agora, o Provedor do Telespectador, para receber as queixas do pessoal e, a seguir, deitá-las todas, pela pia abaixo, como de costume.
Ainda por cima o nome Paquete de Oliveira não augura nada de bom.
Toda a gente sabe que os "paquetes" são usados para "fazer fretes".

Quanto à nossa Televisão Pública, acabo de tomar conhecimento, pelo Telejornal da dita, que se cumprem, justamente hoje, 50 ANOS de emissões televisivas.
E esta notícia demorou cerca de um minuto a despachar: Duas ou três imagens foi tudo o que nos foi oferecido, no dia das Bodas deOuro da RTP.
Nada de velinhas para soprar. Não temos tempo, que hoje, justamente, recomeça o "Prós e Contras" e o tema obrigatório é o que já se calcula.
Concretamente: "QUEM MANDA NO FUTEBOL". Com o Senhor Major a perorar.
Eu teria preferido "COMO O FUTEBOL MANDA EM TODOS NÓS".

Nem na "2" se anuncia rigorosamente nada que venha recordar-nos, entre tanto arquivo existente, o que se passou, de mais significativo, ao longo destes 50 anos.
Há "SOPRANOS", "A FAMÍLIA AL QUAEDA", o filme "O PRINCÍPIO DA INCERTEZA" e "CAÇADORES DE SERPENTES" .
Não se vislumbra a menor referência à memória da estação, a menos que vejamos nestes títulos,
qualquer rebuscada analogia.

Provàvelmente, o Poder Dominante acha que já foi demais o que se tem falado sobre os senhores do antigamente.
Que já basta a entrevista à filha de Marcelo Caetano e o programa sobre os 40 anos da Ponte sobre o Tejo. Chega, portanto, de cheirinho a mofo.

Para além do que uma BOA REPORTAGEM dá um certo trabalho e aqueles cavalheiros têm mais que fazer.

TLIM

AINDA NA FALÉSIA



Com este calor abrasador e as praias regressadas a dias mais calmos, quem tem vontade de voltar a Lisboa e "torrar" no inferno do trânsito?

TLIM