3 Ecos da Falésia: agosto 2007

quinta-feira, agosto 30, 2007

O SEGURO MORREU DE VELHO


Eu nunca calhei a ser submetida ao teste do balão por um daqueles bem parecidos agentes da GNR que zelam pela nossa segurança, enquanto nos assaltam a carteira, nessas estradas do meu país.
Mas fá-lo-ei com a melhor boa vontade e a consciência tranquila, se a ocasião se proporcionar.
Já quanto ao novo teste rápido à saliva para detecção de substâncias psicotrópicas, tal como é executado, ponho certas reservas.
Não porque consuma alguma coisa duvidosa mas simplesmente porque aquela espécie de zaragatoa com que nos esfregam o interior da bochecha, durante dois minutos, tem o cabo demasiado curto.
Não me agrada nada, confesso, a ideia de ter uma manápula daquelas ali, encostada á boca, zás, zás, zás, assim sem mais nem menos.
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Se os equipamentos utilizados nestas operações terão de ser aprovados pela Direcção-geral de Viação, porque carga de água não deverão sê-lo igualmente pela Delegação de Saúde?
Impunha-se, como medida sanitária, que cada "kit" de recolha de fluídos incluísse, obrigatòriamente, uma luva descartável. Nada de coisas dispendiosas.
Bastava ser dessas que existem nas gasolineiras: de plástico, vulgar e baratucho.
Ou, na falta da luva, ao menos um saquinho daqueles que se enfiam na mão, nas padarias.
Assim, mão-à-boca, é que não.
AAARGH!!!
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Toda a gente sabe que o portuga é relapso no que toca á higiene das mãos (entre outras coisas).
Se até os médicos já foram chamados à pedra por não as lavarem de todas as vezes em que o deviam fazer, calcule-se agora um GNR, postado na estrada, horas e horas!
Quando a natureza chama, lá vai ele atrás da árvore e o mais que faz a seguir, é limpar a mão à calça.
Tirar o seu macaquito do nariz, nos intervalos, ou coçar o ouvido com a unhaca, também são actividades lúdicas bem rotineiras, como bem podemos observar.
Estando constipado, as costas da mão servem-lhe para aparar o pingo.
E se houver caspa que provoque algum prurido, lá está a mão a levantar o o boné e a arranhar o couro cabeludo.
Tudo na maior naturalidade.
Bom.
Escuso-me a alongar o tema para evitar descer o nível ainda mais.
Em suma:
Com a minha proverbial falta de confiança no bom senso das nossas autoridades, já comecei a andar com uma embalagem das ditas luvas, na porta do carro, não vá o diabo tecê-las.
Se a ocasião o exigir, estendo uma ao agente, com um grande sorriso, para não ser mal acolhida.
Só depois abro a boca.
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Livra, que o seguro morreu de velho!
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.Lisboa-30-Agosto-2007

terça-feira, agosto 28, 2007

ERA O VINHO, MEU DEUS, ERA O VINHO


Que me desculpem o atrazo com que abordo o tema de hoje mas, enquanto andei por outras paragens, não o pude fazer e, entre o dramalhão BCP, a lamentável tele-novela McCann, a palhaçada eufemìsticamente Verdosa e a incinerada Grécia, preferi debruçar-me sobre as intenções mais ou menos radicais do nosso valoroso que não perde «a oportunidade para fazer de Lisboa, uma cidade sustentável».
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Em primeiro lugar, vem a venda das «mais de 40 toneladas diárias de amêijoas pescadas no Tejo».
Se bem que eu desconhecesse que as amêijoas se «pescavam».
Será à linha, ou em pesca de arrasto?
40 toneladas pescadas à linha...é obra.
Os nossos mariscadores, entretanto, já deverão andar em sobressalto com a novidade.
Note-se que a iniciativa poderá estar dependente do número de urgências hospitalares e respectivos clínicos que o Dr. Correia de Campos consentir que fiquem de prontidão, para fazer face às gastro-enterites que se adivinham.
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A seguir, a cabecinha pensadora (responsável pela pasta dos "Espaços Verdes") foi entender-se com o Instituto de Agronomia, no sentido de «pôr as vinhas e as oliveiras da Tapada da Ajuda a produzir vinho de mesa e azeite».
Para valorizar todo este potencial da cidade, desperdiçado durante anos e anos.
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Eu, quando conseguir uma audiência para lhe apresentar cumprimentos pela originalidade, estava a pensar levar-lhe aquela poesia popular, cujo autor desconheço:
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"ERA O VINHO, MEU DEUS, ERA O VINHO
ERA A COISA QUE EU MAIS ADORAVA
SÓ POR MORTE, MEU DEUS, SÓ POR MORTE
SÓ POR MORTE EU O VINHO DEIXAVA
(...)
AI EU HEI-DE MORRER NUMA ADEGA
AI COM UM COPO DE VINHO NA MÃO
AI O VINHO É A MINHA MORTALHA
AI A PIPA É O MEU CAIXÃO".

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Devidamente emoldurada, para ele colocar sobre a secretária, lá no gabinete.
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.Terça-Feira, 28 de Agosto, 2007