PERDIDOS POR SARDINHAS
As sardinhadas são hoje e, de cada vez mais, a nossa
perdição; o nosso pecado de gula ; a delícia escolhida,
quando se reúne um grupo de amigalhaços,
no verão.
Estamos a passar férias, num qualquer recanto,
do norte ao sul de portugal, aproxima-se a hora do almoço:
O nosso nariz (que, como "o algodão", não engana),
começa a receber aqueles agradáveis eflúvios,
provenientes do fogareiro mais próximo.
No início é o característico odor a acendalhas.
Segue-se, a muito breve trecho, o fedor
das sardinhas, fumegando, na brasa; fedor esse,
que tem o dom de invadir tudo o que é moradia,
ou apartamento nas proximidades.
E, encontramo-nos, não só com a casa empestada,
como todas as nossas roupas, os nossos cabelos,
até o pêlo do nosso animal de estimação,
ficam, inexoràvelmente, a tresandar,
mais de 24 horas.
Mesmo recorrendo ao duche, para nós e para o cão
(e, toda a gente sabe que um cão não deve passar
a vida, na banheira) há, depois, as toalhas, os estofos
os reposteiros, que lá estão a recordar-nos
as patuscadas do(s) vizinho(s).
Chega o fim de tarde, um pôr do sol, lindo de morrer,
estamos nós, depois da canseira da praia,
banho tomado, gin tónico na mão,
estiraçados na espreguiçadeira do terraço, em
amena cavaqueira, e a que é que começa a cheirar,
a que é?
Ora, desculpem lá, mas, passada uma semana,
mais coisa,menos coisa, estou prontíssima
a ir-me aos fagotes do primeiro cidadão
que inicie a queima de UMA acendalha,
nas redondezas.
E esta lusitana dependência das brasas,
com sardinhas em cima,
já tem sido causa primeira de bastantes incêndios,
nas matas do nosso martirizado Portugal.
O que constituíu, agora, novidade,
foi a responsabilidade da sardinha
nos NAUFRÀGIOS.
Mas, já se sabe: o ponto alto daquela passeata
de catamarã, devia ser, certamente,
A SARDINHADA.
Sopra o vento, ateia-se o incêndio,
e lá se vai o pessoal ao charco,
e o catamarã à viola.
E o pior de tudo, desgosto supremo:
Acabaram por não comer
as benditas sardinhas!
AZAR.
TLIM
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