3 Ecos da Falésia: DEPRESSÃO OU EVASÃO

quinta-feira, dezembro 01, 2005

DEPRESSÃO OU EVASÃO



















A manchete deste diário regional, substituíu um
hipotético cenário, por uma PREVISÃO, como
chamariz de vendas.
Serve, agora, como exemplo
do meu Post de hoje, embora me vá referir,
sobretudo, à televisão.

"A imagem que é dada pelos noticiários, pelos
comentários políticos, pelas profecias económicas
- àcerca da situação do País - não dá margem,
senão, para uma de duas coisas: A depressão,
ou a evasão".( António Monteiro Fernandes, in
Diário Económico)

Continua a render dividendos, em termos de
audiências, a onda catastrofista, que já não é de
hoje e que, a tudo lança mão, desde que sirva os
propósitos dos que, dela, aproveitam.

A pouco e pouco, vai-se carregando, mais, nas
cores, tentando evitar a banalização, ao mesmo
tempo que se apela ao voyeurismo, tão típico de
determinadas estratos de audiência.

A tónica nas catástrofes naturais, ou na ameaça
de epidemias, tem plateia garantida, tanto entre
os mirones, como nos amantes de filmes de terror.
Quem consome este tipo de informação, aprecia o
estilo tablóide, devassas de privacidade, incluídas.

Os inquéritos de rua, que enveredam por detalhes
de intimidade, para lá do razoável, conseguem, dos
"entrevistados", respostas a todas as indiscrições
possíveis e imaginárias a troco de uma exposição
mediática muito desejada.
A mais recente tendência é a exibição, consentida,
de defeitos físicos, deformidades, aleijões.

Os repórteres de rua não têm mãos a medir, tantas
as situações a "merecerem" cobertura.
Todos os dias há alguma empresa que fecha as suas
portas, alguma manifestação, alguma greve, alguns
paroquianos que gritam contra, ou a favor do padre,
alguns populares, insultando arguidos ou juízes, à
porta do tribunal.
No Verão, os incêndios; no Inverno, os temporais.
Entre uns e outros, sempre, sempre, o processo
Casa Pia.

Noticiar que o dèficit piorou e que o desemprego
aumenta, não é contar mentiras; mas é, certamente,
contar, apenas, uma parte da verdade.
A outra parte, o reverso da moeda, o mais natural,
é que, a ser referida, o seja, apenas no chamado
rodapé.

Depois da pressão dos Tele-Jornais, vem a
onda da descompressão. Agora é hora de rir,
rir, alvarmente, com os "malucos do Riso", "
a 1ª Companhia" e a série inesgotável de
vulgaridades, pretensamente humorísticas.
A evasão chega, dentro de momentos,em
forma de tele-novela, brasileira ou nacional.
Um ou outro debate, ou mesa- redonda, ainda
subsiste na SIC Notícias e RTP, há que admitir.

Um filme de qualidade, geralmente,
só lá pela madrugada.
Quem tiver o gosto mais apurado, amole-se e diga
adeus ao sono.
Resta o recurso ao velho vídeo-gravador, se houver
tempo para, depois, ver as gravações...

Deste tenebroso cenário, salva-se a 2, em boa hora
salva de extinção.

TLIM