3 Ecos da Falésia: LISBOETAS POR UMA NOITE

segunda-feira, julho 16, 2007

LISBOETAS POR UMA NOITE



Lisboa é uma metrópole cada vez mais curiosa.
Há uns anos, Sérgio Trefaut realizou uma magnífica longa metragem documental que foi um êxito de bilheteira por ocasião da estreia.
Ocupava-se dos novos habitantes da capital, imigrantes da Europa de Leste, brasileiros, chineses, africanos e indianos, que aqui vivem ganhando a vida o melhor que lhes é possível.
.
Ontem à noite, depois da previsível vitória de António Costa, tivémos ocasião de conhecer uma nova e insólita variedade de imigrantes:
Os chamados LISBOETAS POR UMA NOITE, que se manifestavam, sem muita convicção, frente ao Hotel Altis, ovacionando o recém-eleito Presidente do Município.
Bandeirinha para cá, bandeirinha para lá, entra no ar a jornalista de serviço da SIC, para as perguntinhas da ordem:
-"O senhor é de onde? E a senhora o que pensa desta vitória?" - achando que eram munícipes de várias freguesias que, para ali, tinham convergido.
.
Surprise, surprise!!!
O povinho tinha vindo de Famalicão, do Alandroal, de Arco de Baúlhe, de Cabeceiras de Basto, uma senhora de idade nem sabia mesmo ao que tinha vindo.
Oferceram-lhes a passeata até Lisboa, em autocarros pagos (por alguma misteriosa entidade) e umas bandeirinhas para agitar com a energia possível, que a idade não perdoa.

Já têm o que contar lá aos colegas dos lares de 3ª idade que não puderam vir porque as cadeiras de rodas não davam geito.
Mas que foi lindo virem até à capital, ai isso foi!!
Costa e Sócrates, da varanda, bem puxaram o que puderam pelas ovações populares, sem grande sucesso.
Costa, aliás, estava tão emocionado que até já se tinha adiantado no discurso e atropelado Roseta, ainda no ar.
Por sinal, isto lembra-me qualquer coisa, Manuel Alegre...e tal...presidenciais...
Precipitações, em suma.
.
E o povinho, arrebanhado e trazido em autocarros, lembra-me ainda outra coisa, dos tempos da outra senhora, quando era preciso arranjar uma «manifestação espontânea» para vir prestar vassalagem ao Senhor Presidente do Conselho.
.
Ou então foi o meu mau perder que me pôs a ver coisas que nem se passaram...
.
.
.16-Julho-2007

5 Comments:

At 4:11 da tarde, Blogger Gi said...

Não sei se me baralha e confundo ou se pelo contrário me entristece. Também não sei se fico mais triste a ouvir o nosso Nobel a dizer que devíamos ser uma província de Espanha. Mais ainda que aos políticos não perdoo aos poetas hipotecarem a sua palavra. Se fosse 6ª fª 13 diram que tinham dito azar. Que tinham sido infelizes ... mas não! Enfim...

Sabes o que me faz uma certa confusão nesta metrópole que se chama Lisboa? É que são tantos mas tantos os que não vivem lá e que passam lá a maior parte dos seus dias e não têm voto nenhum na matéria ... se até os que não moram lá se candidatam porque não votam os que lá estudam e trabalham e fazem dela cidade que é? Mas isto sou eu com os meus pensamentos malucos de 2ª feira ...


beijinhos. Vou-me para os cavalos que estou farta de falar de bestas e cavalgaduras :)))))))

 
At 5:10 da tarde, Blogger Cristina Caetano said...

TÔ pasma! E só porque ainda me resta uma ingenuidade optimista pela atitude dos políticos fora do Brasil; no fundo, bem lá no fundo, sei que não deveria mais me surpreender, a politicagem - o termo aqui é relamente depreciativo - contaminou o mundo todo.
Há no Brasil, mas especificadamente no meu Rio, um casal de "garotinhos" (ex-governadores que acrescentaram o substantivo a seus nomes próprios) que são têm o hábito em utilizar tal tipo de manobra... é triste, mas aquele político, de "berço, meio idealista, profissional de facto, está desaparecendo, resta-nos votar no menos pior...
Beijinhos

 
At 5:11 da tarde, Blogger Cristina Caetano said...

leiam sem o "são" por favor...como sempre dedinhos rápidos e mente loira acabam por me passar rasteiras. ;P

 
At 7:30 da tarde, Blogger Ana M. said...

Gi:
Preferências de "Nobeis" não se discutem...
Nem é questão de lapso de idade.
Há muitos anos que ele pensa assim.
Para casar e para viver, em Espanha é que é. E olé!
Podia era evitar as entrevistas do tipo "cada tiro cada melro" que não lhe ficam muito bem.

Pois parece que para se ser presidente da Câmara não é obrigatório morar em Lisboa(!)
Essa é uma das nossas grandes originalidades já que o recenceamento dos eleitores tem que ser feito na freguesia da sua residência.
Em princípio, cada cidadão deverá votar no município que lhe chupa as contribuições autárquicas...
Que já não são tão baixas como isso.

E mesmo que não queiras, vais ter que gramar as ditas cavalgaduras, de cada vez que ouvires ou vires noticiários, nos tempos mais próximos...
É a vida...

Beijinho

 
At 7:43 da tarde, Blogger Ana M. said...

Cris:
Chegamos à triste conclusão de que certas decisões só são censuráveis no adversário político...
Depois admiram-se com as altas percentagens de abstenção.
É um beco sem saída. Democracia só existe com partidos políticos e alternância no poder.
Fora disto, aparecem os iluminados.
Castros, Chavez e companhia, que até se fazem eleger com maiorias absolutas de 100%...
Como dizes: escolher o menos mau, o que já se vai tornando difícil...

Beijinho

 

Enviar um comentário

<< Home