PEDRO E O LOBO
Quem pensou ver, no título deste post, alguma relação com um livro, saído esta semana, ficará desapontado.
Acontece que o serviço ADSL tem sido pior que Deus me livre e poucas as oportunidades de aceder ao Blogger. Assim, alguns temas foram perdendo alguma actualidade.
Um deles estava, de certa forma, relacionado com o último "Prós e Contras" e com o que ali foi abordado:
Concretamente, as doenças emergentes, algumas que resultam do chamado "Aquecimento Global", outras da mudança de hábitos e suas consequências na saúde dos Portugueses.
Embora não por esta ordem, foram nomeadas:
A Tuberculose, a Doença de Parkinson, a de Alzheimer, a Diarreia, a Diabetes, a Obesidade, a Depressão, o HIV, a Malária, a Febre do Dengue, a Cólera e, até, a Febre de Marburg.
Estive, durante todo o programa, de orelha bem atenta, à espera do que iriam dizer sobre o actual estado de coisas, quanto à celebérrima Gripe das Aves e à, anteriormente propalada, pandemia:
Rigorosamente, NADA: Nem uma só palavra, não obstante, na peça que antecedeu o debate, tivessem surgido, muito a fugir, breves imagens de um abate de patos.
Fiquei, obviamente, surpresa, lembrando-me de quanto nos tinham matraqueado o juízo, com um alarmismo imparável, há menos de um ano.
Nessa altura, todos os dias e a toda a hora, multiplicavam-se as notícias, profetizando uma catastrófica pandemia, acompanhadas de constantes imagens de múltiplos "holocaustos" em aviários, por esse mundo fora.
O DIÁRIO DAS BEIRAS, de 15 de Novembro de 2005, por exemplo, trazia, escarrapachada, em primeira página, a manchete:
"PREVISTAS 376 MORTES, NO DISTRITO DE COIMBRA".
Não eram 375, nem 377, mas, exactamente, 376. Cálculo feito com tal precisão, que nos deixou, a todos, maravilhados.
E vieram as proibições de manter aves domésticas, ao ar livre, foram as as câmaras atrás de cada pombo que caísse morto, na calçada, as dúvidas sobre comer ou não comer carne de aves ou ovos, foi a obcessão, o alvoroço elevado ao seu expoente máximo, meses a fio.
O Natal de 2005 viu desaparecer, de muitas mesas familiares, o tradicional perú, substiuído, à última hora, por lombo de porco ou cabrito assado.
Enquanto TAMIFLUS e drogas quejandas tiveram vendas exponenciadas, por esse mundo de Deus.
Passou o Verão, as avezinhas que tinham vindo passar férias a Portugal, lá fizeram as malas e abalaram, sem serem forçadas a experimentar as vicissitudes do nosso Sistema Nacional de Saúde.
E o ZÉ, regressado ao Outono, com algumas memórias confusas, ainda a pairar na sua mal informada cabecinha, fez esgotar, nas farmácias, o stock de vacinas contra a vulgar gripe sasonal.
Idosos e pessoas com imuno-deficiências, que se lixassem.
Belo serviço e belas confusões.
Mas, então, vamos lá a saber:
A famosa, a temível, a aterrorizante nova Peste, por onde anda, tão caladinha, que, agora ninguém ouve falar nela?
Terá sido vencida pela guerra declarada pela Indústria Farmacêutica, ou estará, outra vez emboscada, já ali adiante, à espera para atacar de surpresa?
É o chamado silêncio ensurdecedor.
TLIM
8 Comments:
Deves achar que foi o Sócrates quedisse á Fátima para não falar na gripe?
Porque será que eu e a maioria do Zé Povinho quando vêm cá com essas pandemias e pandemónios não liga patavina. Lembra-se da gripe asiática? dos nitrofuranos? das vacas loucas? Quantas invenções não brotaram dos laboratórios e quantos pozinhos de pirlimpimpim não renderam milhões. O problema é um dia quando o lobo for a sério e o Pedro bem que pode gritar...
'há aqui na minha terra um restaurante chamado "ramadinha", e todos os santos dias aquele cheirinho a pito no espeto dá-me uma larica que nem imaginas... constipados ou não, os pitos da "ramadinha" regados com super bock vão ser sempre dos meus pratos favoritos.. se a gripe aparecer por aí, combate-se com uma boa suadela e chãzinho de limão bem quente, como aconcelharia a minha avó!!...'
Confesso que a suspeita, expressa pelo Anónimo das 12.08 AM, não me tinha atravessado o crâneo.
Mas dou-lhe os parabéns pela fértil imaginação.
Pedro:
Ora, ora, se me lembro de tudo isso e mais da Pneumonia Atípica, das ameaças do Antrax, do Bug do Milénio, dos cereais transgénicos, dos glutamatos, do aspartame e do raio que os parta a todos, apetece-me dizer.
Levar uma vida normal faz pessimamente à saúde, como se sabe.
Mega:
Como eu o compreendo...
O "Ramadinha", infelizmente, não conheço. Mas conheço o característico cheirinho, que é dos mais apetecíveis.
Também não resisto a um belo franguinho assado...
Há uma grande falta de seriedade nestes "alarmes públicos". Parece que fazem estas "intoxicações de informação de propósito, para que a gente pense que: «Afinal era a brincar.»
O caso do HIV no nosso país é um bom exemplo. Começaram por fazer uma campanha de tal maneira "tóxica", que quase banalizaram a doença, ao ponto de sermos hoje um dos países da Europa com mais pessoas infectadas.
É o que faz brincar com coisas sérias!
Olá, Alice C:
Já vi que é pessoa de bom gosto, pelas fotos escolhidas para o seu Blog. Parabéns, especialmente pelo "Altar da Cegonha". Como não tem lugar a comentários, digo-o aqui.
Quanto às intoxicações de que fala, são o resultado da "Comunicação Social" a que temos direito; e que vive à custa de tudo o que lhe proporciona audiências: Sensacionalismo, violência e escandaleiras.
Sinal do baixíssimo grau de exigência de quem consome todo o lixo que lhe é oferecido.
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