3 Ecos da Falésia: GRANDES PORTUGUESES

segunda-feira, outubro 16, 2006

GRANDES PORTUGUESES

Tivémos, ontem, o gosto de ver a reaparição de Maria Elisa, com óptima aparência, em 467 locais diferentes, na apresentação do novo e polémico programa cultural da RTP, GRANDES PORTUGUESES.

Salazares àparte, foram-nos dadas a ouvir variadíssimas opiniões, todas elas válidas, embora algumas das seleccionadas, de entre o público anónimo, fossem assás curiosas.
Eu destacaria, por exemplo, a da menina que votava em António Variações, esse típico exemplar da Cultura Lusa.
Ou a outra que elegeria Bárbara Guimarães, outro vulto incontornável do nosso meio Intelectual.

Mas a declaração da noite pertenceu, sem qualquer dúvida, ao ilustre Director Artístico do Teatro Maria Matos, Diogo Infante:
- "O maior Português, de sempre, é Mourinho, sem qualquer dúvida. Nem D. Afonso Henriques conseguiu, algum dia, VISIBILIDADE semelhante!"

Fiquei amarfanhada, tão certeiro foi o tiro que, naquele instante, deitou por terra a aura que, durante todos estes anos, sempre envolveu a figura do Fundador da nossa Pátria.
E, no entanto, quão sábias foram aquelas palavras!

Podia D. Afonso Henriques passar dias e dias a combater Sarracenos ou Castelhanos, à espadeirada, que pouca VISIBILIDADE conseguia, fora dos locais das pelejas, sendo que as informações, sobre as vitórias conseguidas, levavam dias a chegar a outras paragens.
A VISIBILIDADE, dependia, então, exclusivamente, das condições atmosféricas:
Estando um dia de sol, era boa.
Já com nevoeiro, era péssima.

Veja-se, agora, Mourinho: Mesmo residindo na nevoenta Inglaterra, se tiver um simples desabafo gástrico, quase imediatamente, é transmitido o facto ao mundo inteiro, com direito a directos nos Telejornais, mesas redondas com comentadores especializados na matéria e grandes títulos na Imprensa: Onde comeu a sua refeição anterior, qual a ementa, os alimentos estariam em boas condições, vai processar o restaurante, acha que terá sido alguma coisa que lhe puseram na comida, já foi ao médico, receitaram-lhe algum medicamento para os gases, a família ficou preocupada, o que é que acha que as pessoas vão dizer sobre o facto, constrangedor, de ele se descuidar em público, isto poderá a vir a afectar os treinos e por aí adiante.
VISIBILIDADE até dizer basta.

Andava alguém atrás de D. Afonso Henriques, de microfone na mão, a indagar qual o ferreiro onde o nosso Rei mandava fazer as revisões do espadalhão que usava nas batalhas?
Ninguém se interessava.

Já com Mourinho, é só ele abrir a porta do automóvel e pôr um pé no chão e já está rodeado de jornalistas, com mil perguntas pertinentes.

Foi D, Afonso Henriques, alguma vez, solicitado a emprestar a sua imagem para, por exemplo, a divulgação das maçãs de Alcobaça?
Não consta.
Já Mourinho não pára, multiplicando-se em anúncios a bancos, relógios, artigos de toillette e o mais que for.
Não é isto VISIBILIDADE?

Atente-se na figura do nosso primeiro Monarca:
Um primitivo que nem devia saber comer, decentemente, à mesa, ou à távola, ou lá o que fosse.
Em todas as fotografias de época, lá estava ele, sempre com a mesma armadura, ou cota de malha, a mesma espada e o melhor é nem nos referirmos ao seu corte de cabelo e barba: Um desleixo que só visto.
Não admira, portanto, que ninguém se interessasse em promover a sua VISIBILIDADE.
Em que Revistas do Coração é que ele aparecia? Lembram-se de alguma?

Já Mourinho...

Este jovem Diogo Infante, a analisar estes temas com tamanha argúcia ainda é capaz de chegar a Ministro Adjunto do Primeiro Ministro e, quem sabe, em futuras eleições, que surpresas nos reservará, ainda?

Tem, desde já, direito ao meu voto, incondicional, nas listas da Maria Elisa.

TLIM

8 Comments:

At 5:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E o que escolheu a Nelly Furtado?

 
At 4:42 da tarde, Blogger Ana M. said...

Cara gota:
Pois desse também gostei muito.

 
At 7:32 da tarde, Blogger Luis Eme said...

Mas o maior português de sempre não era aquele moçambicano que andava de feira em feira, com mais de 2,50m?

 
At 9:41 da tarde, Blogger Ana M. said...

Ora esta, Luís Milheiro!
Lá vou ser obrigada a fazer um post sobre o Gabriel Monjane...

 
At 11:21 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O Diogo Infante é um homem livre e tem o direito a ter a sua opinião.
Como qualquer de nós, como qualquer portugay...

 
At 6:03 da tarde, Blogger Ana M. said...

Este Anónimo das 11.21 é um malandreco...

 
At 1:24 da manhã, Blogger a.leitão said...

Só me admira quem se deixa engajar neste tipo de programas.
Faz-me lembrara a conversa deste aluno na Madeira

http://igagalhofa.blogspot.com/2006/10/tramaram-este-povo-superior.html

- um aluno: "ame um gajo, alevantasse cedo e vai apanhar o urario da radoeste, chega a escola um furo, a gente vaisse jugar a bola, cadespois a pessora é reles e vaissse mas é pa merciaria do bixiga, veinho com lanranjada é qé bom. Aulas da purtuguês, anglês, aistoria, matimatica, a gente nã gosta, eu goste é jugar a bola, que cando for grande quero ser cumo o Ronaldo"

 
At 9:43 da tarde, Blogger Ana M. said...

Caro A. Leitão:
Se não existissem programas assim, aonde iríamos buscar inspiração para fazer uns posts?

 

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