A MORTE FICA-VOS TÃO BEM
A partir do próximo Sábado, Lisboa entra no roteiro dos países civilizados que já viram uma exposição feita à custa de gente morta.
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Esta manipulação "artística", chamada polimerização, foi criada em 1977 por Gunther von Hagens, médico alemão (porventura descendente de Josef Mengele), que inventou um método original de conservar cadáveres.
Os humores são aspirados e os tecidos embebidos em silicone ou em poliéster, tornando-se secos, inodoros e com um tempo de duração apreciável.
Criar um cenário com mortos a jogar xadrez, a disputar um joguinho de cartas ou montando a cavalo é uma originalidade capaz de atraír multidões, se bem que existem, decerto, mentes atrazadas para quem manipular os restos mortais de desgraçados sem eira nem beira, é sinal de desrespeito para com o ser humano.
Deixá-los.
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Esta exposição que Lisboa vai ter oportunidade de ver (esperam-se magotes de mirones entusiastas de acidentes rodoviários), é promovida pela empresa "Body Worlds" e é mais uma entre outras que circulam por vários países.
Arnie Geller, um dos felizes "directores artísticos", está feliz:
-"A nossa tournée já conseguiu mais receitas, em cerca de metade do tempo, do que o filme Titanic, que é um campeão de bilheteira".
Good for you, Mr. Geller.
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Estes corpos, como, por lei, não podem ser comprados, são "alugados" à República Democrática da China, durante 5 anos, por 25 milhões de dólares, pagos ao governo Chinês.
No início do seu circuito comercial, encontram-se as fábricas de "peças mumificadas", instaladas na cidade de Dalian (China).
Funcionam numa série de prédios não sinalizados e empregam milhares de trabalhadores, lado a lado, em extensas bancadas, limpando, cortando, dissecando e embalando. Os cadáveres ou partes deles, são depois enviados para o Japão, a Coreia do Sul e os Estados Unidos.
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Hoje em dia, na China, é extremamente difícil saber com exactidão a origem deste ou daquele corpo.
Os museus onde se fazem estas exposições, não se lembram de quem lhes forneceu o "material".
As morgues contam versões diferentes sobre o destino dado aos mortos entregues á sua responsabilidade.
Até universidades já confirmaram e desmentiram a existência de operações de conservação de cadáveres, nas suas instalações.
Entretanto, entre os países receptores, há acusações mútuas de roubo de patente, competição ilegal e tráfico de corpos humanos.
Cada um incomodadíssimo com a falta de ética dos outros.
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Saibam então os interessados nO CORPO HUMANO COMO NUNCA O VIU, que o preço dos bilhetes varia entre os 14.50€ para CRIANÇAS até 12 anos, em dias de semana, até 21€, preço para adulto, ao fim de semana.
Fazem-se preços especiais para grupos e... CRIANÇAS ATÉ AOS 4 ANOS não pagam.
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Os infantários façam, pois, o favor de se adiantarem.
É no Palácio dos Condes do Restelo.
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23 Comments:
Isto é surreal!
Ora aí está um sítio onde eu não vou, MESMO!
Beijinhos...
Maria:
Então estás exactamente como eu...
Beijinho
Anónimo das 7:04 PM:
Eu até diria mais:
É surreal...
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isto mostra
que somos
um pais moderno
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hehehehehe
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abç
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perdoa a ausencia
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Eu digo ainda mais: surrealíssimo
Não obrigado!
Nem mesmo que me pagassem, Sininho...
Terei de te corrigir, amiga! Sinto muito! hehehe Países civilizados, não! Cidades civilizadas! São Paulo é e o Rio de Janeiro já foi uma cidade civilizada...buáááááááááááááááááááááááá (choro compulsivo de quem almeja um pouquinho de cultura e conhecimento)
beijinhos!
Poeta:
Tenho muito gosto em rever-te por cá.
Temos de acompanhar o progresso, não podemos ficar uns eternos saloios...
Abrç.
Tales da Gardunha:
Fui tirar informações e cheguei à conclusão de que estás relativamente bem, para a idade.
Já o Hipócrates, coitado...está acabadote.
Nunca pensei que maqueiro fosse uma profissão tão desgastante.
Surrealíssimo, disse muito bem!
Luís:
Já vi que com a gente que aqui vem, eles não se governam...
Cris:
Eu sei, eu sei que "eles" já andaram por aí...
Vá lá, enxuga essas lágrimas senão ainda me contagias!
Beijinho.
E, Cris, só agora me apercebi de que deveria, realmente, ter dito cidades e não países...
Esta lentidão é que me mata!
'e para cá para o norte não vem a exposição?! estou mortinho por ver isso!!!...'
Mega:
Não fiques triste.
Se fores "meguinho" e pedires muito ao Dr. Luís Flipe Menezes, ele, como homem activíssimo que é, com toda a certeza não deixará de te fazer a vontade e arranjar maneira de levar a exposição até essas paragens.
Já há algum tempo que esperava que esta exposição chegasse a Portugal. Assim que me deslocar à capital conto vê-la.
Dá um pouco que pensar...toda essa massa muscular inerta e solidificada.
Bom fim de de semana
Bjs Zita
Loretta:
Ficamos todos, ansiosamente, à espera das impressões de quem é entendido em matéria de fluxos orgânicos.
Zita:
Bem vinda a este cantinho.
Dá que pensar e muito!
Sobre a vida, sobre a morte, sobre os homens... sobre uma porção de coisas.
Beijinho e bom fim de semana
Na China, qualquer corpo que morra, desde passa para posse do estado desde que não haja um documento feito em vida que impeça isso. Não digo que não deixe ser impressionante esta exposição, mas é um tanto ou quanto mórbida.
Cumps
Olá, Ody:
Aposto que és pessoa entendida em assuntos orientais...
Tão mórbida é a ideia que presidiu à primeira "experiência artística", como é o circo de horrores que anda de cidade em cidade, ou como o que leva grande parte do público a acorrer a estas exposições.
Só mesmo a China, para dispôr, alegremente, do corpo dum desgraçado e "alugá-lo" para exibições de gosto duvidoso.
Abraço.
Gosto da cultura sininho, mas não quer dizer que aprecie tudo o que façam. Esta exposição é óptima para estudantes de medicina a meu ver os grandes beneficiados. :)
Ody:
Não estou certa de que sejam estudantes de medicina, os mais interessados numa mostra deste teor...
Como dizia o "falecido" procurador:
Pode ser...
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