O INSÓLITO, EM FINAL DE CAMPANHA
No passado Domingo, puderam os telespectadores constatar a forma calma como Maria Elisa moderou o seu painel de convidados e, um ou outro, mais atento, notou um toque diferente, na sua maquilhagem, que lhe dava , ao rosto, um certo ar "mefistofélico".
- "Tivémos de lhe dar umas gotas para acalmar e modificar, um pouco, o "make up", carregando nas sombras das pálpebras, para contrapôr às olheiras que eram indisfarçáveis"- confidenciou um amaneirado assistente de realização da RTP, que costuma dar estas dicas ao "24 Horas" e ao "Correio da Manhã".
Só às 4 Horas da manhã - quase no final do programa - se descobriu a causa do inicial nervosismo da apresentadora:
Estava prevista, para essa noite, a presença, no Palácio da Ajuda, dos 10 finalistas apurados, mas, estranhamente, nenhum deles compareceu.
Parece que, dias antes, eles teriam tomado conhecimento da mobilização nacional à volta do referendo de 11/02, manifestando profunda indignação:
-"Então colocam-nos num concurso destes e, depois, metem outro, pelo meio, a tirar-nos todo o protagonismo?"
Diz-se que, após violenta altercação, com Salazar, Cunhal terá exclamado, já com incontida irritação:
- "Ai querem guerra?"- Provocando, de imediato, um aplauso de D. Afonso Henriques, saturado de andar a carregar a pesadíssima espada, sem a poder baixar sobre a cabeça de alguém.
No instante seguinte, já tinha apartado dois grupos, para se infiltrarem nesse tal outro concurso do dia 11 e poder, no final, reclamar, para si, a vitória.
Pelo SIM, fez alinhar:
Ele próprio; Aristides de Sousa Mendes; Fernando Pessoa; O Marquês de Pombal e... o Infante D. Henrique.
Pelo NÂO, dispôs:
Salazar; D. Afonso Henriques; Camões; D. João II e Vasco da Gama.
Foi assim que, na 2ª Feira, à noite, se apresentaram, todos, na porta do Teatro Armando Cortês, dispostos a fazer valer os seus argumentos e conseguir, enfim, algum do protagonismo que lhes tinha sido prometido.
Perante os seguranças, postados à entrada (que mereceram um disfarçado sorriso de aprovação de Salazar), e sem se aperceber da estranheza causada pelo "kitsch" das suas indumentárias, D. Afonso Henriques ergueu o espadalhão e bradou, qual Manuel Alegre:
- "A mim, ninguém me cala!"
Postos face a tal ameaça, foi chamada, às pressas, Fátima Campos Ferreira que, logo, ali, dominou a situação, como só ela sabe.
-"Meus senhores, meus senhores, não quero baderna, aqui à porta. Isto, hoj, é só para médicos e advogados, mas só os escolhidos por mim!
Façam o favor de destroçar, que AQUI, QUEM MANDA SOU EU!"
Perante tal estridente autoridade, até o nosso primeiro rei vacilou, baixando a espada.
Foi o bastante para que Cunhal, constatando que com uma mulher daquele calibre, não levaria a melhor, tivesse feito sinal, aos outros nove "grandes", para darem meia volta e irem pregar a outra freguesia.
E é assim que, refeito o plano de ataque, estes dois grupos irão, durante o resto da semana, calcorrear o país, em várias acções de uma inesperada campanha.
Embora não tenha sido revelada toda a estratégia, conseguimos descobrir que alguns, de entre eles, levam missões específicas, a seu cargo.
Salazar( com a sua experiência de seminarista), irá fazer a distribuição de panfletos com a efígie de Nossa Senhora, à porta das igrejas.
Procederá, igualmente, à introdução, de cartas de bebés abortados, nas mochilas de meninos que frequentem o ensino básico.
D. Afonso Henriques levantará a espada, perante quem fizer menção de recusar qualquer destes folhetos, enquanto irá declarando, em voz tonitroante:
-"Se a minha mãe me tivesse abortado, vocês, corja de maricas , ainda hoje seriam Espanhois!"
Pelo outro lado, Fernando Pessoa deslocar-se-á em cadeirinha de rodas, concedendo entrevistas a tudo o que for órgão de comunicação social, explicando com foi forçado a ir fazer um aborto a Badajoz.
O Infante D. Henrique irá, integrado em várias arruadas, levantando as saias, aqui e ali, para que possam ver o seu alvo ventre, onde estará escrita, a tinta da china, a frase
"NA MINHA BARRIGA, MANDO EU!"
E, só lá para Março, voltarão a encontrar-se com Maria Elisa.
TLIM
12 Comments:
Grande montagem...
A minha única discordância é ver o Camões no lado do NÃO...
Não o achas demasiado liberal? Ou quiseste equilibrar a balança? Cinco contra cinco?
O Marques Mendes quando ler isto, diz logo: «ganda nóia!»
Luís:
Interessante teres levantado essa dúvida, já que o próprio poeta também não esteve muito de acordo com a facção atribuída.
Aqui para nós, que ninguém nos vai ler, desvendo-te o motivo.
A ideia foi, de facto, equilibrar a balança.
Eu teria preferido pôr o Camões pelo sim e o Infante pelo não.
Mas, se assim fosse, estragava-me a gracinha da referência às saias e à barriga, dados os rumores que correm sobre a virilidade do navegador...
Maldades.
Tadinho do Magques Mendes...
Sininho, Sininho.
Envio-te um beijo.
Lembras, Bocage, Aleixo.
Óh desditoso Zé Povinho.
bj)
Poetaeusou:
É a minha costela irreverente.
Daqui, nunca se sabe o que vai saír...
Um abraço
Gostei de ler!! Beijos.
Muito bom, Sininho! Grande inspiração! "Visualizei" o encontro.
P.S.: esse blogger pós-beta está me tirando do sério...ô coisinha instável. Aliás, por causa dele, devo dizer, já comentando, que tenho o hábito de ler toooodos os comentários. Maaaas, somente após deixar o meu. Coisa que hoje foi impossível, dado a dificuldade de comentar por aqui!
beijinhos
Cris Caetano
Que gafe!!! Parabéns pela vitória futebolística sobre o Brasil! Confesso - de pé junto - que no início estava difícil escolher para quem torcer, o jogo parecia que seguiria fantástico - gosto de esportes, qq um - (desde a última Copa, anda problemático torcer pelo Brasil, coisas escusas no esporte me irritam). Mas depois de ver o Dunga padecer de frio para mostrar a camisa escolhida pela filha, eilista, e Portugal correndo solto, não deu outra. Gritei sim, :), duas vezes!
beijinhos
Cris Caetano
Cris:
Nem sei a que atribuír as dificuldades com o blogger.
Eu ainda esotu relutante em mudar para o novo, justamente pelas dificuldades que encontro em comentar nos outros blogs. Muitas vezes nem consigo abrir as fotos, o que me irrita, pelo tempo que faz perder.
Só tenho a louvar o teu entusiasmo desportivo.
E, chegada aqui....vou ter de confessar:
Não vi...
Um grande beijinho
Paula:
Costumo responder aos comentários, à medida que vão aparecendo, mas, agora, distraí-me e troquei a ordem...
Obrigada e um beijinho.
Obrigada pelas palavras no eco. Nem mais. Sem sonho eu não saberia escrever. Ou não estaria viva! Beijos.
Não me perdoo não ter passado por aqui ontem... ou anteontem, já não sei. Mas estive a "masoquear-me" outra vez na rtpn com o tal de prós e contras até às 4 e tal da manhã...
A esta hora só tu, sininho, para me sacares gargalhadas.
Este texto é um verdadeiro tratado para descomprimir de todos estes "concursos". E o luis eme sempre oportuno...
Vou copiar este texto e ainda me vou rir com uns amigos nestes próximos dias...
Deixo-te um beijo
Maria:
Fico contente, quando sei que te fiz, pelo menos, sorrir.
Obrigada pela tua simpatia.
Beijinhos e bom fim de semana.
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