3 Ecos da Falésia: O INSÓLITO, EM FINAL DE CAMPANHA

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O INSÓLITO, EM FINAL DE CAMPANHA

No passado Domingo, puderam os telespectadores constatar a forma calma como Maria Elisa moderou o seu painel de convidados e, um ou outro, mais atento, notou um toque diferente, na sua maquilhagem, que lhe dava , ao rosto, um certo ar "mefistofélico".
- "Tivémos de lhe dar umas gotas para acalmar e modificar, um pouco, o "make up", carregando nas sombras das pálpebras, para contrapôr às olheiras que eram indisfarçáveis"- confidenciou um amaneirado assistente de realização da RTP, que costuma dar estas dicas ao "24 Horas" e ao "Correio da Manhã".

Só às 4 Horas da manhã - quase no final do programa - se descobriu a causa do inicial nervosismo da apresentadora:
Estava prevista, para essa noite, a presença, no Palácio da Ajuda, dos 10 finalistas apurados, mas, estranhamente, nenhum deles compareceu.

Parece que, dias antes, eles teriam tomado conhecimento da mobilização nacional à volta do referendo de 11/02, manifestando profunda indignação:
-"Então colocam-nos num concurso destes e, depois, metem outro, pelo meio, a tirar-nos todo o protagonismo?"

Diz-se que, após violenta altercação, com Salazar, Cunhal terá exclamado, já com incontida irritação:
- "Ai querem guerra?"- Provocando, de imediato, um aplauso de D. Afonso Henriques, saturado de andar a carregar a pesadíssima espada, sem a poder baixar sobre a cabeça de alguém.
No instante seguinte, já tinha apartado dois grupos, para se infiltrarem nesse tal outro concurso do dia 11 e poder, no final, reclamar, para si, a vitória.

Pelo SIM, fez alinhar:
Ele próprio; Aristides de Sousa Mendes; Fernando Pessoa; O Marquês de Pombal e... o Infante D. Henrique.

Pelo NÂO, dispôs:
Salazar; D. Afonso Henriques; Camões; D. João II e Vasco da Gama.

Foi assim que, na 2ª Feira, à noite, se apresentaram, todos, na porta do Teatro Armando Cortês, dispostos a fazer valer os seus argumentos e conseguir, enfim, algum do protagonismo que lhes tinha sido prometido.
Perante os seguranças, postados à entrada (que mereceram um disfarçado sorriso de aprovação de Salazar), e sem se aperceber da estranheza causada pelo "kitsch" das suas indumentárias, D. Afonso Henriques ergueu o espadalhão e bradou, qual Manuel Alegre:
- "A mim, ninguém me cala!"

Postos face a tal ameaça, foi chamada, às pressas, Fátima Campos Ferreira que, logo, ali, dominou a situação, como só ela sabe.
-"Meus senhores, meus senhores, não quero baderna, aqui à porta. Isto, hoj, é só para médicos e advogados, mas só os escolhidos por mim!
Façam o favor de destroçar, que AQUI, QUEM MANDA SOU EU!"
Perante tal estridente autoridade, até o nosso primeiro rei vacilou, baixando a espada.
Foi o bastante para que Cunhal, constatando que com uma mulher daquele calibre, não levaria a melhor, tivesse feito sinal, aos outros nove "grandes", para darem meia volta e irem pregar a outra freguesia.

E é assim que, refeito o plano de ataque, estes dois grupos irão, durante o resto da semana, calcorrear o país, em várias acções de uma inesperada campanha.
Embora não tenha sido revelada toda a estratégia, conseguimos descobrir que alguns, de entre eles, levam missões específicas, a seu cargo.
Salazar( com a sua experiência de seminarista), irá fazer a distribuição de panfletos com a efígie de Nossa Senhora, à porta das igrejas.
Procederá, igualmente, à introdução, de cartas de bebés abortados, nas mochilas de meninos que frequentem o ensino básico.
D. Afonso Henriques levantará a espada, perante quem fizer menção de recusar qualquer destes folhetos, enquanto irá declarando, em voz tonitroante:
-"Se a minha mãe me tivesse abortado, vocês, corja de maricas , ainda hoje seriam Espanhois!"

Pelo outro lado, Fernando Pessoa deslocar-se-á em cadeirinha de rodas, concedendo entrevistas a tudo o que for órgão de comunicação social, explicando com foi forçado a ir fazer um aborto a Badajoz.
O Infante D. Henrique irá, integrado em várias arruadas, levantando as saias, aqui e ali, para que possam ver o seu alvo ventre, onde estará escrita, a tinta da china, a frase
"NA MINHA BARRIGA, MANDO EU!"

E, só lá para Março, voltarão a encontrar-se com Maria Elisa.

TLIM

12 Comments:

At 12:14 da manhã, Blogger Luis Eme said...

Grande montagem...

A minha única discordância é ver o Camões no lado do NÃO...

Não o achas demasiado liberal? Ou quiseste equilibrar a balança? Cinco contra cinco?

O Marques Mendes quando ler isto, diz logo: «ganda nóia!»

 
At 10:54 da manhã, Blogger Ana M. said...

Luís:
Interessante teres levantado essa dúvida, já que o próprio poeta também não esteve muito de acordo com a facção atribuída.
Aqui para nós, que ninguém nos vai ler, desvendo-te o motivo.
A ideia foi, de facto, equilibrar a balança.
Eu teria preferido pôr o Camões pelo sim e o Infante pelo não.
Mas, se assim fosse, estragava-me a gracinha da referência às saias e à barriga, dados os rumores que correm sobre a virilidade do navegador...
Maldades.
Tadinho do Magques Mendes...

 
At 11:45 da manhã, Blogger poetaeusou . . . said...

Sininho, Sininho.
Envio-te um beijo.
Lembras, Bocage, Aleixo.
Óh desditoso Zé Povinho.
bj)

 
At 2:00 da tarde, Blogger Ana M. said...

Poetaeusou:
É a minha costela irreverente.
Daqui, nunca se sabe o que vai saír...
Um abraço

 
At 7:39 da tarde, Blogger Maria Carvalho said...

Gostei de ler!! Beijos.

 
At 11:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito bom, Sininho! Grande inspiração! "Visualizei" o encontro.

P.S.: esse blogger pós-beta está me tirando do sério...ô coisinha instável. Aliás, por causa dele, devo dizer, já comentando, que tenho o hábito de ler toooodos os comentários. Maaaas, somente após deixar o meu. Coisa que hoje foi impossível, dado a dificuldade de comentar por aqui!
beijinhos
Cris Caetano

 
At 12:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Que gafe!!! Parabéns pela vitória futebolística sobre o Brasil! Confesso - de pé junto - que no início estava difícil escolher para quem torcer, o jogo parecia que seguiria fantástico - gosto de esportes, qq um - (desde a última Copa, anda problemático torcer pelo Brasil, coisas escusas no esporte me irritam). Mas depois de ver o Dunga padecer de frio para mostrar a camisa escolhida pela filha, eilista, e Portugal correndo solto, não deu outra. Gritei sim, :), duas vezes!
beijinhos
Cris Caetano

 
At 11:25 da manhã, Blogger Ana M. said...

Cris:
Nem sei a que atribuír as dificuldades com o blogger.
Eu ainda esotu relutante em mudar para o novo, justamente pelas dificuldades que encontro em comentar nos outros blogs. Muitas vezes nem consigo abrir as fotos, o que me irrita, pelo tempo que faz perder.
Só tenho a louvar o teu entusiasmo desportivo.
E, chegada aqui....vou ter de confessar:
Não vi...
Um grande beijinho

 
At 11:31 da manhã, Blogger Ana M. said...

Paula:
Costumo responder aos comentários, à medida que vão aparecendo, mas, agora, distraí-me e troquei a ordem...
Obrigada e um beijinho.

 
At 4:10 da tarde, Blogger Maria Carvalho said...

Obrigada pelas palavras no eco. Nem mais. Sem sonho eu não saberia escrever. Ou não estaria viva! Beijos.

 
At 1:53 da manhã, Blogger Maria said...

Não me perdoo não ter passado por aqui ontem... ou anteontem, já não sei. Mas estive a "masoquear-me" outra vez na rtpn com o tal de prós e contras até às 4 e tal da manhã...
A esta hora só tu, sininho, para me sacares gargalhadas.
Este texto é um verdadeiro tratado para descomprimir de todos estes "concursos". E o luis eme sempre oportuno...
Vou copiar este texto e ainda me vou rir com uns amigos nestes próximos dias...
Deixo-te um beijo

 
At 3:02 da tarde, Blogger Ana M. said...

Maria:
Fico contente, quando sei que te fiz, pelo menos, sorrir.
Obrigada pela tua simpatia.
Beijinhos e bom fim de semana.

 

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