3 Ecos da Falésia: RESUMO POUCO AMÁVEL DE UM SERÃO FASTIDIOSO

segunda-feira, março 26, 2007

RESUMO POUCO AMÁVEL DE UM SERÃO FASTIDIOSO







Entre uns senhores que falavam bem (José Miguel Júdice e Helder Macedo) e umas senhoras convencidas disso (Clara Ferreira Alves e Leonor Pinhão), pudémos assistir, ontem à noite, à brevíssima História de Portugal, apresentada em geito de "animação"(marca registada Monty Python).
Locução feita por um cavalheiro capaz da proeza de debitar palavras à velocidade de 20 por segundo, conseguindo assim despachar a coisa em 6 minutos e 49 segundos, verificados ao cronómetro.
De fazer inveja ao próprio Lucky Luke.
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Pelo meio, uma senhora forte, representante de um dos finalistas, esbracejava, agitada, enquanto ia mimoseando outra senhora do público, com o carinhoso epíteto de "galinha".
Infelizmente, alguém se esqueceu de a avisar de que não é muito conveniente levantar a blusa, à frente das câmaras.
Ainda que se sinta incomodada por eventuais pruridos.
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Pela sala, estavam espalhados vários manipanços que se pretendia representassem os tais 10 grandes portugueses chegados à final.
Personagens reduzidas a pindéricos manequins de loja chinesa.
Entre outros, um Salazar de ar esgaseado, mais parecido com Cavaco do que com o original.
E um Cunhal um tanto a atirar para o Gepetto (do Pinóquio), em fundo Siza Vieira.
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Frases interessantes, da noite:
Ana Gomes:
"- Vasco da Gama era um bravo, desses bravos que vão, eles próprios, não do género desses senhores Blairs, Bushes, Barrosos e Asnares."
Ou:
"- Nenhum destes homens pôde funcionar, sem uma mulher por trás... (hesitação) ...pela frente e ao lado."
Paulo Portas:
"- D. João II, em relação à Inquisição, encanou a perna à râ".
Clara Ferreira Alves ( citando Bernardo Soares/Fernando Pessoa):
"-O horror de ter nascido de vagina".
António Carlos Cortez:
"- Não me apetecia agora, muito, tergiversar sobre vaginas e outros quejandos..."
João Soares:
"- Peço aos telespectadores que pensem no voto útil, que o voto útil é mais prudente".
Gonçalo Cadilhe:
"- Sobre um defeito do Infante D. Henrique... acho que cheirava mal dos pés e depois inventou o queijo da Serra, esse grande produto nacional, para disfarçar."
Leonor Pinhão:
"- Na relação com a Santa Sé, o nosso primeiro rei terá enganado o Papa.
Enganar o Papa, eu acho uma coisa maravilhosa".
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Contas feitas, Salazar ganhou a sua primeira eleição, realizada democràticamente.
Graças a vários factores, entre os quais se conta o crescente mal-estar com os políticos de um país, há muito prometido e cada vez menos cumprido.
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Nas palavras de Fernando Dacosta:
"- Se dantes era violento prender uma pessoa pelo seu pensamento, pela sua ideologia, nos dias de hoje, é violento despedir alguém, por causa da idade".
Nas palavras de Rosado Fernandes:
"- Foi um voto de protesto contra a situação. Contra a corrupção, a falta de governação, a insegurança, o abandono dos campos, os despedimentos, a miséria e tudo o mais que se está a passar".
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Os senhores façam o favor de não ficarem apreensivos.
No pasa nada.
Amanhã, ninguém mais se vai lembrar deste concursozeco de meia tigela.
Tal como já não se lembra do último Big Brother.
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É tudo descartável.
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TLIM

11 Comments:

At 10:07 da tarde, Blogger Ana M. said...

Peço desculpa pela gralha:
Deveria estar escrito "jeito", em vez de "geito".

 
At 11:16 da tarde, Blogger poetaeusou . . . said...

***
o unico transparente:
Aristides de Sousa Mendes.
e
corsários
assassinos
especialmente D. João II ...
hááá,
e o
topless da odete do alentejo ...
***

 
At 11:46 da tarde, Blogger Ana M. said...

Poeta:
Homens serão sempre homens, está visto.
E nunca resistem a um bom topless...
Eu bem sabia.

 
At 2:32 da manhã, Blogger Maria said...

Que delícia, sininho, que delícia de post.
Mas eu não gostei do resultado.
Então e Camões e o Pessoa?
Então e?

Beijinhos
(também gostei do strip da odete...)

 
At 11:42 da manhã, Blogger Pedro said...

Tens razão, Sininho, não entendo tanto barulho por causa de um concurso decidido com votos enviados por SMS. Nem o Salazar com toda a sua seriedade e sentido de Estado merecia ser tão destacado numa chachada destas, a qual lhe daria voltas ao estômago...

 
At 12:00 da tarde, Blogger Ana M. said...

Maria:
Se tivesse ganho um poeta, era sinal de que vivíamos num país onde se prezava a cultura.
Vivemos?
Nem de perto, nem de longe.
Os participantes no "espectáculo" elogiram bastante aquela forma de contribuír para a divulgação da nossa História. Verdadeiro serviço público, pois então.
O strip da Odete, também...

Beijinhos.

 
At 12:12 da tarde, Blogger Ana M. said...

Pedro:
Fosse por SMS ou por chamadas de valor acrescentado, não me admirava de que tivessem alimentado a polémica, só para caír o dinheirinho na conta de quem explora este novo filão:
"Se prefere fulano, ligue para o número tal. Se a sua preferência vai para cicrano, ligue..."
Estou em crer que os milhares de telefonemas efectuados terão sido bastante compensadores...

 
At 10:50 da tarde, Blogger a.leitão said...

Meus caros,
O problema não é (foi) o Salasar ficar em 1º. O problema é o "Sebastianismo".
Enquanto esperamos isto afunda.

 
At 12:45 da manhã, Blogger Cristina Caetano said...

É muito estranho ver "mamas ao léu" (adoro a expressão), e olha que a imagem não está lá grande coisa, imagina...
E conheço a dona das mamas de discursos e mais discursos no parlamento.É muito estranho...comichão brabíssimo (é com "b" mesmo) ;)
beijinhos

 
At 12:53 da manhã, Blogger Ana M. said...

A.Leitão:
Essa parece ser uma incontornável característica do povo português.
É o fado...
"Ninguém foge ao seu destino"...

 
At 1:04 da manhã, Blogger Ana M. said...

Cris:
És mesmo impagável!
Olha que não estavam exactamente "ao léu", como parece...
Mas lá que a comichão devia ser "braba"...isso devia...
Beijinho.

 

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