NA HORA H
Muita gente que se desiludiu com as prestações pouco humorísticas de Herman José na SIC terá passado a evitar pura e simplesmente aquela estação, na hora da HORA H.
Tal como eu, diga-se de passagem.
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No último Domingo, entretanto, entre um zapping e outro, parei lá, um instante, para ver a cena que mostrava um repórter num directo de uma praia algarvia, ajustando o auricular e falando incessantemente sobre o que estava a acontecer no local e que era exactamente ... nada.
Um casal de brasileiros, de férias no Algarve, enquanto desfazia as malas no quarto de hotel, tinha dado pela falta da mãe dela, uma velhota de mais de 80 anos.
Entretanto encontrava-se numa esquadra a prestar declarações à polícia e, ora o repórter os dava como simples queixosos, ora como acusados de terem dado sumiço à velhota.
Conforme as palavras do repórter, assim se manifestava a turba-multa que o rodeava: Lamentando o casal em causa, ou cobrindo-o de apupos.
Foi quando tirei o dedo do comando e fiquei ali por largos minutos a rir-me com uma charge imperdível à cretinice que hoje está presente em grande parte dos directos das nossas televisões, totalmente vazios de conteúdo.
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Na noite da quarta-feira seguinte, Ana Lourenço, na SIC Notícias, ia a menos de metade de uma entrevista a Santana Lopes, quando anunciou a inesperada interrupção do programa, para acudir a uma ligação ao exterior que mostrava... José Mourinho a chegar do aeroporto e a entrar num automóvel.
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Aí, o entrevistado aguardou que acabasse o exterior, deu as boas noites e saíu do estúdio. Na hora H.
Eu, se lá tivesse estado, tinha corrido a apertar-lhe a mão.
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Ricardo Costa, achando que todos os cortes são legítimos, considerou a saída do convidado como "inusitada e e desproporcionada."
São opiniões.
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Muita gente com mais de dois neurónios na cabecinha começa a achar "inusitada e desproporcionada" a relevância que é dada, a toda a hora e momento, a tricas de um modo geral e às do mundo da bola, em particular.
No meu caso, acrescentaria ainda um terceiro adjectivo: INSUPORTÁVEL.
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.Lisboa-28-Setembro-2007